Na manhã desta quinta-feira (13), um carro avançou contra uma multidão em Munique, no sul da Alemanha, deixando ao menos 28 feridos, segundo informações das autoridades locais. O incidente ocorreu por volta das 9h, nas proximidades da estação central da cidade, em meio a uma manifestação organizada pelo sindicato de servidores públicos Verdi. Testemunhas descreveram cenas de pânico e desespero enquanto o veículo, um Mini Cooper branco, acelerava em direção aos pedestres. De acordo com a polícia, dois feridos se encontram em estado grave, incluindo uma criança. O motorista do carro, identificado como um afegão de 24 anos, foi detido no local. As autoridades alemãs classificam o episódio como um provável atentado, gerando apreensão e reacendendo o debate sobre segurança e imigração no país.

A ação mobilizou um grande efetivo policial e de equipes de resgate, que isolaram a área na confluência das ruas Dachauer Strasse e Seidl Strasse, a apenas 1,3 km do hotel que sedia a Conferência de Segurança de Munique. O evento, que começa nesta sexta-feira (14), receberá líderes mundiais como o vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Apesar da proximidade com o local da conferência, o ministro do Interior da Baviera afirmou que, até o momento, não há indícios de relação direta entre o atropelamento e o encontro diplomático. A polícia investiga se o ato foi premeditado ou se houve outra motivação por trás do ataque.

O chefe de governo do estado da Baviera, Markus Soeder, declarou à imprensa que tudo aponta para um ataque intencional. O prefeito de Munique, Dieter Reiter, visivelmente abalado, afirmou que há crianças entre os feridos e expressou solidariedade às vítimas: “Estou profundamente chocado. Meus pensamentos estão com os feridos e suas famílias.” O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, adotou um tom firme e declarou que, caso seja comprovada a intencionalidade do crime, o agressor será punido severamente e deportado. “Esse homem não pode esperar por indulgência. Ele deve ser punido e deixar o país”, disse Scholz em entrevista.

O suspeito foi identificado como um afegão nascido em Cabul, em 2001. Ele chegou à Alemanha em 2016, durante a grande crise migratória, e solicitou asilo, porém seu pedido foi negado. Mesmo assim, sua deportação foi suspensa devido à situação de instabilidade em seu país de origem. Segundo fontes da polícia, o homem não possuía antecedentes criminais graves, mas era conhecido pelas autoridades por comportamentos suspeitos e já havia sido monitorado anteriormente. A investigação ainda busca esclarecer se ele agiu sozinho ou se possui conexões com grupos extremistas.

Testemunhas relataram que o Mini Cooper branco estava estacionado próximo à manifestação e, de repente, avançou em alta velocidade contra os manifestantes. Um jornalista da emissora BR descreveu a cena em sua rede social: “Uma pessoa está caída na rua, e um jovem foi levado pela polícia. Há gente sentada no chão, chorando e tremendo.” Próximo ao veículo, que ficou com os vidros e faróis quebrados, foram encontrados objetos pessoais dos feridos, como guarda-chuvas, coletes de sinalização e um carrinho de bebê. Muitos dos presentes participavam do ato pacífico promovido pelo sindicato Verdi, que reivindicava melhores condições de trabalho para os servidores públicos.

A tensão em torno do caso aumentou devido à proximidade da Conferência de Segurança de Munique, um dos eventos diplomáticos mais relevantes do mundo. A cidade já estava sob vigilância intensa por conta da chegada de líderes globais. A polícia reforçou o patrulhamento em toda a área central e ampliou as medidas de segurança nas imediações do hotel que sedia o evento. Apesar do temor inicial, os organizadores afirmaram que a conferência ocorrerá normalmente, embora sob um esquema de segurança ainda mais rigoroso.

Esse ataque soma-se a uma série de eventos violentos na Alemanha e em outros países europeus nos últimos anos. Em dezembro de 2023, um homem invadiu com um carro um mercado de Natal em Magdeburgo, matando cinco pessoas e ferindo dezenas. Em 2016, outro atentado semelhante em Berlim deixou 12 mortos e 48 feridos, quando um tunisiano dirigiu um caminhão contra uma feira natalina. Esses casos reacendem o alerta sobre ataques com veículos, uma modalidade de terrorismo que tem se tornado cada vez mais comum na Europa.

Analistas de segurança afirmam que ataques como o de Munique evidenciam vulnerabilidades nas áreas urbanas movimentadas, principalmente durante eventos públicos e manifestações. Organizações de direitos humanos alertam, por outro lado, para o risco de generalização e perseguição contra refugiados e imigrantes em meio ao aumento da xenofobia no continente. O governo alemão reforçou que qualquer punição será aplicada individualmente, respeitando os direitos humanos, mas garantiu rigor máximo na apuração dos fatos.

As investigações seguem em ritmo acelerado. Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas e testemunhas continuam prestando depoimento. O veículo foi apreendido para perícia, e a polícia busca identificar qualquer possível cúmplice ou motivação oculta por trás da ação. As vítimas seguem recebendo atendimento médico, e autoridades locais pedem que a população mantenha a calma, mas permaneça atenta a qualquer atividade suspeita. A cidade de Munique, marcada pela dor e pela preocupação, tenta retomar sua rotina enquanto o mundo acompanha de perto cada novo desdobramento dessa tragédia.