Rio de Janeiro será palco da Cúpula do BRICS em julho, confirma ministro das Relações Exteriores
Encontro reunirá líderes das maiores economias emergentes do mundo e reforçará o protagonismo do Brasil no cenário internacional.
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O Rio de Janeiro será novamente o centro das atenções mundiais ao sediar a aguardada reunião da cúpula do BRICS, bloco composto por economias emergentes de destaque global. O anúncio oficial foi feito pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no último sábado (15). O encontro está marcado para os dias 6 e 7 de julho e deve reunir os líderes de nações como Rússia, Índia, China, África do Sul e, pela primeira vez como membro pleno, a Indonésia. A presidência rotativa do BRICS foi assumida pelo Brasil em janeiro deste ano, o que reforça o protagonismo do país no cenário diplomático internacional. O anúncio foi realizado durante uma reunião entre Vieira e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), no Palácio da Cidade, em Botafogo, zona sul da capital fluminense. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o chanceler destacou a importância da cúpula para o desenvolvimento econômico e social dos países-membros. Segundo Vieira, decisões relevantes para o futuro do bloco e para a qualidade de vida das populações dessas nações serão tomadas durante o evento.
A escolha do Rio de Janeiro como sede do encontro não foi por acaso. A cidade já demonstrou sua capacidade de receber grandes eventos internacionais, como a 19ª Cúpula de Chefes de Estado do G20, em novembro do ano passado, e os Jogos Olímpicos de 2016. O prefeito Eduardo Paes agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela confiança depositada na cidade e ressaltou que o Rio possui uma vocação natural para ser a vitrine do Brasil perante o mundo. Segundo Paes, a realização de eventos dessa magnitude fortalece a imagem da capital fluminense como um dos principais centros políticos e econômicos da América Latina. Além disso, o encontro do BRICS deve movimentar a economia local, gerando empregos temporários e impulsionando setores como hotelaria, turismo e transporte. A expectativa é que milhares de profissionais, entre delegações estrangeiras, jornalistas e agentes de segurança, desembarquem na cidade nos dias que antecedem a cúpula.
O encontro dos líderes do BRICS ocorre em um momento sensível da geopolítica mundial, marcado por tensões envolvendo a guerra na Ucrânia e conflitos no Oriente Médio. A última reunião do grupo foi realizada em 2023, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Na ocasião, foi aprovada a ampliação do bloco com a inclusão de novos países, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã. Para o encontro deste ano, o Brasil tem o desafio de conduzir diálogos que promovam a estabilidade e a cooperação entre as nações, especialmente diante da polarização global e da crescente rivalidade entre potências como Estados Unidos e China. Outro tema que deve ganhar destaque é a busca por alternativas ao dólar no comércio internacional, uma pauta defendida principalmente por Rússia e China, que veem na criação de uma moeda comum do BRICS uma possibilidade de reduzir a dependência do sistema financeiro ocidental.
Outro ponto que deve estar na agenda da cúpula é a intensificação das parcerias estratégicas no campo energético, tecnológico e da segurança alimentar. Países como Índia e Indonésia buscam ampliar o intercâmbio comercial e firmar acordos que garantam o fornecimento de insumos agrícolas e combustíveis em meio às incertezas causadas pelos conflitos internacionais. Para o Brasil, a reunião também representa uma oportunidade de fortalecer suas exportações de produtos como soja, carnes e minérios, que têm grande aceitação nos mercados asiáticos e africanos. O governo brasileiro também espera consolidar parcerias no setor de transição energética, atraindo investimentos em energias renováveis e projetos de sustentabilidade ambiental.
A cúpula do BRICS no Rio de Janeiro terá ainda um caráter simbólico, por acontecer poucos meses antes da COP30, a conferência do clima da ONU, prevista para novembro de 2025, em Belém, no Pará. Os debates sobre mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável devem permear as discussões entre os líderes, que buscam soluções conjuntas para enfrentar os desafios ambientais que afetam diretamente as economias emergentes. O Brasil, por sua vez, pretende utilizar a presidência do BRICS para reforçar seu compromisso com a preservação da Amazônia e cobrar das potências mundiais maior apoio financeiro aos países em desenvolvimento na luta contra o desmatamento e o aquecimento global.
Além das reuniões oficiais entre os chefes de Estado, a cúpula do BRICS contará com fóruns empresariais e encontros bilaterais que visam fortalecer as relações comerciais entre os países-membros. O setor privado terá espaço para apresentar projetos e buscar parcerias em áreas como infraestrutura, tecnologia da informação e desenvolvimento urbano. Empresários brasileiros esperam que o evento impulsione a internacionalização de companhias nacionais e facilite o acesso a mercados estratégicos da Ásia e da África, regiões que vêm registrando crescimento expressivo nos últimos anos.
A segurança do evento será tratada como prioridade pelas autoridades brasileiras. O esquema de proteção contará com a participação das Forças Armadas, Polícia Federal e órgãos de segurança estaduais e municipais. Barreiras de segurança serão instaladas em pontos estratégicos da cidade, e haverá monitoramento por câmeras e drones. A expectativa é que o planejamento seja similar ao adotado na cúpula do G20, que garantiu a realização do evento sem incidentes graves. O desafio, no entanto, será equilibrar a segurança reforçada com a rotina dos moradores e turistas que circulam diariamente pelo Rio de Janeiro.
A reunião do BRICS será um dos eventos diplomáticos mais relevantes do ano para o Brasil, e os resultados das discussões podem influenciar diretamente as políticas econômicas e comerciais do país nos próximos anos. Com a inclusão da Indonésia e de outros novos membros, o bloco se consolida como uma força geopolítica de peso, capaz de rivalizar com as potências ocidentais e ampliar a voz dos países do Sul Global nas decisões internacionais. O Rio de Janeiro, por sua vez, terá a chance de se reafirmar como uma cidade global, preparada para sediar debates que moldam o futuro das relações internacionais e do desenvolvimento sustentável.
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