Ex-ajudante de ordens revela reação de Michelle Bolsonaro à mudança do Alvorada em 2022

Em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou detalhes sobre a reação da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante o processo de mudança do Palácio da Alvorada no final de 2022.

Cid afirmou que Michelle entrou em pânico ao ver sua mudança sendo retirada do Palácio da Alvorada, indicando um estado de desespero diante da transição de poder. Ele relatou que ela exclamou: "tinha que fazer alguma coisa, tinha que fazer alguma coisa". Essa reação foi registrada em um dos vídeos liberados pelo ministro Alexandre de Moraes, que acompanha os depoimentos da colaboração de Cid.

Além disso, Cid mencionou que Michelle e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) faziam parte de um grupo mais radical que defendia a permanência de Bolsonaro no poder, alegando que ele teria o apoio popular e de grupos armados, como os CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), para realizar um golpe de Estado. Esse grupo buscava convencer Bolsonaro a não aceitar a derrota nas eleições de 2022 e a adotar medidas extremas para reverter o resultado.

A delação de Cid é uma das bases da denúncia apresentada contra Bolsonaro pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que o acusa de liderar uma tentativa de golpe de Estado após sua derrota eleitoral. As acusações incluem tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa. As penas máximas somadas podem chegar a 43 anos de prisão, além da possibilidade de inelegibilidade por mais tempo do que os oito anos pelos quais foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em resposta às acusações, Michelle Bolsonaro ironizou a delação de Mauro Cid, afirmando que o único "golpe" que ela pratica é durante seus treinos de luta, onde realiza movimentos como jab, direto e cruzado. Ela enfatizou que sua prática de luta é uma atividade física e não tem relação com as alegações feitas na delação. 

As investigações continuam, e as autoridades estão analisando as evidências apresentadas na delação de Cid para determinar a veracidade das alegações e as possíveis implicações legais para os envolvidos.