Quem acordar cedo neste sábado (19) para acompanhar o tênis de mesa vai presenciar um capítulo inédito na história do esporte latino-americano. Hugo Calderano, carioca de 28 anos e atual número 5 do mundo, se tornou o primeiro atleta das Américas a garantir um lugar no pódio da Copa do Mundo de Tênis de Mesa, após vencer de virada o japonês Tomokazu Harimoto, terceiro do ranking mundial, por 4 sets a 1. O feito, conquistado em Macau, na China, coloca Calderano entre os gigantes da modalidade – e acende o alerta entre os dominantes asiáticos.

Uma vitória para o esporte das Américas

A Copa do Mundo é um dos torneios mais prestigiados da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), reunindo os principais nomes da modalidade. Historicamente dominado por chineses, japoneses e sul-coreanos, o circuito raramente abre espaço para atletas de fora da Ásia. Calderano, porém, quebrou essa lógica com uma performance impecável diante de Harimoto, um dos prodígios japoneses mais respeitados no circuito.

Na partida decisiva das quartas de final, disputada na sexta-feira (18), Calderano começou atrás, perdendo o primeiro set por 8/11. Mas a virada veio com autoridade: 11/8, 11/8, 11/8 e 12/10 nos sets seguintes. Com isso, o brasileiro garantiu vaga na semifinal e, como não há disputa de terceiro lugar, também assegurou a medalha de bronze – a primeira da história para um representante do continente americano no torneio.

Adversário duro nas semifinais

O desafio agora será ainda maior. Na semifinal, marcada para às 3h45 da madrugada de sábado (19), no horário de Brasília, Calderano enfrentará o chinês Wang Chuquin, atual número 2 do mundo. O confronto promete ser eletrizante e terá transmissão ao vivo e gratuita pelo canal oficial da ITTF.

Wang, conhecido por seu jogo agressivo e mentalidade fria, é um dos favoritos ao título. Calderano, no entanto, já demonstrou que sabe lidar com a pressão e tem totais condições de surpreender mais uma vez. “Minha meta não era só o pódio. Quero mais”, declarou o brasileiro após a classificação.

Um feito que ecoa além das quadras

A conquista de Calderano ultrapassa as quatro linhas da mesa. Ela representa uma ruptura simbólica na hegemonia asiática no esporte e um incentivo concreto para milhares de jovens atletas nas Américas. O tênis de mesa ainda é considerado um esporte de nicho no Brasil, com visibilidade esporádica em competições internacionais e pouco apoio midiático.

Para se ter uma ideia, Calderano vive na Europa há anos para manter seu alto nível competitivo, atuando por clubes da Bundesliga Alemã e agora na França. Sua rotina de treinos, dedicação física e mental, e investimentos próprios mostram o tamanho do esforço necessário para competir em alto nível – e os desafios que ainda existem para o desenvolvimento da modalidade no país.

Tênis de mesa no Brasil: uma potência emergente?

Apesar das dificuldades estruturais, o Brasil tem apresentado avanços importantes no tênis de mesa. A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) tem investido em centros de treinamento, intercâmbios internacionais e categorias de base, com o objetivo de formar novos talentos e ampliar o alcance da modalidade.

Curitiba, por exemplo, possui projetos municipais e estaduais que incentivam o esporte em escolas públicas e clubes, com torneios regionais e ações educativas. Em 2023, o Paraná sediou uma das etapas do Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa, com boa participação do público e promessas locais em destaque.

A visibilidade proporcionada por atletas como Calderano é essencial para atrair novos praticantes, patrocinadores e políticas públicas voltadas ao esporte olímpico.

Próximos passos e Paris 2024 no horizonte

Além da campanha histórica na Copa do Mundo, Hugo Calderano é uma das principais apostas brasileiras para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Em Tóquio, ele já havia alcançado um feito inédito ao chegar às quartas de final. Agora, com mais maturidade e experiência, o carioca mira o topo do pódio olímpico.

Com o desempenho atual, ele consolida sua posição entre os cinco melhores do mundo e envia um recado claro: o Brasil tem um representante de elite no tênis de mesa. A campanha em Macau reforça não só seu talento, mas sua resiliência em um ambiente historicamente desfavorável para atletas não asiáticos.

Conclusão

A medalha de Hugo Calderano na Copa do Mundo de Tênis de Mesa é mais do que uma conquista individual. É um marco para o esporte brasileiro e para o continente americano. Que esse feito sirva de impulso para novas gerações e para políticas que fortaleçam a prática do tênis de mesa no Brasil, desde as bases até o alto rendimento.

Neste sábado (19), todos os olhos estarão voltados para a mesa em Macau. E, independentemente do resultado, Hugo já fez história.

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