Lutador morre após nocaute em torneio de boxe no Paraná
Lucas Lazarini, de 28 anos, era de Ponta Grossa e sofreu hemorragia cerebral após golpe durante competição em São José dos Pinhais. Jovem planejava parar de lutar para cuidar da esposa grávida.

Sonhos interrompidos: lutador morre após nocaute em competição de boxe amador no Paraná
Na última sexta-feira (18), o Paraná perdeu mais do que um atleta. Lucas Lazarini, lutador de boxe amador, treinador credenciado e morador de Ponta Grossa, teve a vida interrompida aos 28 anos, poucos dias antes de completar 29. Ele estava internado há quase uma semana na UTI do Hospital do Trabalhador, em Curitiba, após sofrer um nocaute durante a Copa Paraná de Boxe Amador, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana da capital.
O golpe que tirou Lucas da luta – e, mais tarde, da vida – aconteceu no terceiro round da competição, no dia 12 de abril. Segundo relatos, o lutador recebeu um soco na lateral do rosto e caiu. A queda gerou um movimento brusco no pescoço, agravando o impacto. A esposa de Lucas, Isabela Melo, grávida de um mês, contou que ele pretendia se afastar das competições por causa da gestação de risco. A luta fatal seria sua última.
Amor pelo boxe e pela família: o que movia Lucas Lazarini
Lucas era mais do que um boxeador promissor. Ele também era treinador, entusiasta da modalidade e integrante da Panda Fight Team, equipe de atletas amadores de Ponta Grossa. Tinha planos claros: abrir uma academia própria e formar novos talentos. Mas nos últimos meses, o foco do jovem estava voltado à família. Com o bebê a caminho, ele cogitava pausar a carreira para acompanhar a gravidez e realizar o sonho de se casar oficialmente com Isabela.
O casal vivia em união estável e já havia marcado a cerimônia civil e a festa para o dia 20 de maio. Em entrevista, Isabela relembrou os planos com emoção. “A gente estava muito, muito feliz”, disse. “Ele queria parar de lutar e se dedicar mais à família. Queria ser um pai presente.”
A fatalidade chocou não apenas familiares e amigos, mas também a comunidade esportiva. A Federação Paranaense de Boxe lamentou a morte em nota oficial, destacando o talento, a dedicação e a paixão de Lucas pelo esporte. A entidade afirmou ainda que prestou atendimento imediato no local da luta e deu suporte durante a internação.
Hemorragia cerebral após nocaute: o que se sabe sobre o caso
A luta em que Lucas foi nocauteado fazia parte da Copa Paraná de Boxe Amador, tradicional evento regional que reúne talentos de todo o estado. O confronto ocorria normalmente até que, faltando 2 minutos e 47 segundos para o fim do terceiro round, o jovem foi atingido e caiu. Ele não voltou mais à luta.
De acordo com os relatos, o impacto do soco, somado ao movimento de "chicote" do pescoço no momento da queda, provocou uma hemorragia cerebral. Lucas foi socorrido ainda no local e levado com urgência ao Hospital do Trabalhador, referência em traumas em Curitiba. Apesar dos esforços da equipe médica, o lutador não resistiu.
O corpo de Lucas foi encaminhado à Polícia Científica da capital para exames. Até a publicação desta reportagem, não haviam sido divulgadas informações sobre o sepultamento.
Boxe amador: esporte de paixão, mas que exige atenção à segurança
A morte de Lucas reacende discussões sobre os riscos envolvidos no boxe, mesmo em categorias amadoras. Embora a modalidade conte com equipamentos de proteção, regras rígidas e supervisão médica, os impactos físicos – especialmente na cabeça e no pescoço – continuam sendo uma preocupação.
No Brasil, não há uma legislação federal específica que regulamente todas as exigências de segurança no boxe amador. Cada federação estadual pode adotar protocolos próprios, desde que sigam diretrizes da Confederação Brasileira de Boxe e do Conselho Nacional de Desportos. Entretanto, casos como o de Lucas mostram que mesmo com os cuidados, o risco permanece.
Profissionais da área defendem uma ampliação nos exames prévios, acompanhamento médico frequente e revisão constante dos protocolos de atendimento em competições. A Federação Paranaense de Boxe afirmou que todos os procedimentos padrão foram seguidos na competição e que o atleta havia sido liberado para lutar.
O impacto na comunidade esportiva e os próximos passos
A comoção causada pela morte de Lucas tomou conta das redes sociais e das academias de boxe de Curitiba e dos Campos Gerais. Treinadores, colegas de equipe e praticantes da modalidade prestaram homenagens emocionadas. Muitos destacaram o carisma, a disciplina e o sonho de Lucas de ensinar boxe a crianças e jovens da periferia.
“Ele era inspiração. Um cara simples, que amava o que fazia e sonhava grande”, afirmou um dos treinadores da Panda Fight Team.
A tragédia também levantou o debate sobre apoio psicológico e financeiro às famílias de atletas amadores, que muitas vezes competem sem respaldo institucional. Para Isabela, a dor da perda ainda é recente, mas a memória de Lucas continuará viva por meio da história que ele escreveu no esporte e nos corações de quem o conheceu.
Conclusão: uma perda que deixa marcas e lições
A morte de Lucas Lazarini não foi apenas a de um atleta. Foi a interrupção precoce de uma história marcada por luta, amor e sonhos. A comoção em torno do caso expõe não apenas os riscos do boxe, mas também a fragilidade das estruturas de apoio aos esportistas amadores no Brasil.
A tragédia exige reflexão por parte das federações, poder público e sociedade. Como garantir mais segurança? Como amparar quem vive o esporte como paixão e profissão? Como acolher as famílias que, como a de Lucas, ficam com o vazio e a saudade?
Enquanto essas perguntas seguem ecoando, o legado de Lucas se eterniza no compromisso que ele tinha com o boxe, com a família e com o futuro.
COMENTÁRIOS