Acidente na BR-080 expõe riscos a crianças em rodovias e alerta para segurança
Tragédia em Goiás reforça importância do uso correto de cadeirinhas e dispositivos de segurança. Especialistas e dados mostram que acidentes rodoviários ainda são uma das principais causas de morte infantil no Brasil.

Na madrugada de quinta-feira, 24 de abril, uma tragédia abalou a região norte de Goiás: uma bebê de apenas seis meses foi arremessada para fora do veículo durante um acidente na BR-080, em Barro Alto. Além dela, seus pais e um primo, que também estavam no carro, sofreram ferimentos. Apesar dos esforços das equipes de socorro, a criança não resistiu e morreu no hospital. A fatalidade reacende o alerta sobre os perigos das rodovias brasileiras, principalmente para crianças pequenas, e evidencia a necessidade de redobrar os cuidados com a segurança no trânsito. Afinal, acidentes como este ainda ceifam milhares de vidas infantis todos os anos no país.
A tragédia na BR-080: detalhes do acidente
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o acidente ocorreu por volta das 2h da manhã, quando o veículo, que seguia de Santa Tereza de Goiás com destino a Brasília, perdeu o controle em uma curva e capotou. No carro estavam quatro pessoas da mesma família: o pai da bebê, de 31 anos, que dirigia; a mãe, de 30 anos; e um primo do casal, também de 30 anos. Todos foram socorridos e encaminhados ao Hospital Municipal de Barro Alto, porém a bebê não resistiu aos ferimentos. Os demais ocupantes sofreram lesões consideradas leves. O caso está sob investigação da Polícia Civil.
Infelizmente, acidentes como esse não são isolados nas rodovias federais do Centro-Oeste. Segundo dados da própria PRF, só em 2023, foram registrados mais de 700 acidentes em rodovias de Goiás envolvendo famílias, com dezenas de vítimas fatais. O trecho da BR-080 é conhecido por curvas perigosas e alto índice de sinistros, especialmente em horários de menor visibilidade. Para especialistas, o uso correto da cadeirinha poderia ter evitado ou ao menos minimizado a gravidade dos ferimentos na criança.
Panorama nacional: acidentes rodoviários e crianças no Brasil
O Brasil ainda convive com índices preocupantes de mortes e ferimentos graves de crianças em acidentes de trânsito. Segundo o Datasus, entre 2019 e 2023, mais de 1.800 crianças de até 10 anos perderam a vida em acidentes rodoviários no país. Apenas em 2023, foram mais de 7 mil internações de crianças nessa faixa etária em decorrência de colisões, capotamentos e atropelamentos em vias públicas.
Em Curitiba, segundo dados do Detran-PR, foram registrados 86 acidentes com vítimas infantis em 2023, sendo 12 deles com lesões graves. Já o Paraná contabilizou, no mesmo ano, 328 ocorrências desse tipo, número que vem caindo lentamente nos últimos anos, mas ainda preocupa autoridades. O não uso ou uso incorreto de cadeirinhas e assentos de elevação figura entre os principais fatores de risco.
A importância da cadeirinha e dispositivos de segurança
A legislação brasileira é clara: desde 2010, é obrigatório o uso de dispositivos de retenção apropriados para o transporte de crianças em veículos automotores. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), crianças de até sete anos e meio devem ser transportadas em cadeirinhas, assentos de elevação ou bebê-conforto, de acordo com a faixa etária e peso.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o uso correto da cadeirinha reduz em até 71% o risco de morte em acidentes. Porém, a adesão à regra ainda enfrenta desafios: pesquisa do Observatório Nacional de Segurança Viária revela que, em grandes cidades como Curitiba, 22% dos motoristas admitem transportar crianças sem cadeirinha em trajetos curtos ou viagens de última hora.
Além do risco à vida, o descumprimento da lei é infração gravíssima, sujeita a multa e retenção do veículo. Nos acidentes analisados pela PRF em rodovias de Goiás e Paraná, em 2023, 37% dos casos fatais com crianças envolveram ausência ou uso incorreto de dispositivos de segurança.
Por que acidentes continuam acontecendo?
Mesmo com campanhas educativas e fiscalização, muitos motoristas subestimam o perigo. Entre os principais motivos estão a pressa, desconhecimento da lei, trajetos curtos e a falsa sensação de segurança em estradas conhecidas. Especialistas apontam que trechos como o da BR-080, com curvas fechadas e má sinalização, exigem ainda mais atenção.
Em Curitiba, campanhas do Detran-PR buscam conscientizar sobre a importância do uso contínuo da cadeirinha, inclusive em deslocamentos dentro da cidade. “O acidente não escolhe hora ou local. A prevenção deve ser constante”, alerta Cláudio Aparecido dos Santos, diretor do Detran-PR.
Outro ponto crítico é a fiscalização. Apesar de rígida em alguns períodos do ano, como feriados prolongados, ela ainda é insuficiente para cobrir todo o fluxo das estradas federais e estaduais.
Prevenção: o que pode ser feito?
A prevenção passa por uma combinação de educação, fiscalização e infraestrutura. Veja algumas orientações práticas:
Sempre utilize o dispositivo de retenção adequado à idade e peso da criança;
Certifique-se de que a cadeirinha está corretamente instalada e presa ao cinto de segurança ou sistema ISOFIX;
Jamais transporte crianças no colo ou sem proteção, mesmo em pequenos trajetos;
Reduza a velocidade em trechos de curva, áreas urbanas e locais de maior risco;
Atenção redobrada em viagens noturnas e sob chuva ou neblina.
Em Curitiba, projetos como o “Criança Segura no Trânsito” oferecem oficinas e orientações gratuitas à população, ajudando pais e responsáveis a instalar corretamente os equipamentos. O acesso a cadeirinhas também tem sido facilitado por campanhas de doação e descontos promovidos por órgãos públicos e empresas privadas.
Conclusão
A tragédia na BR-080 é mais um alerta sobre a urgência de reforçar medidas de segurança e educação no trânsito, especialmente para proteger os mais vulneráveis: as crianças. Investir em conscientização, fiscalização eficiente e acessibilidade aos dispositivos de segurança é fundamental para evitar novas perdas. Para Curitiba, Paraná e todo o Brasil, fica o desafio: transformar as estatísticas em histórias de prevenção, e não de dor.
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