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Curitiba,26/04/2025

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    Sete Voos de Deportados dos EUA Desembarcam no Brasil: Desafios para Estados e Famílias

    Chegadas frequentes de brasileiros deportados dos Estados Unidos mobilizam esforços de acolhimento em diferentes estados, incluindo Paraná e Ceará, e evidenciam dilemas sociais e políticos em meio ao aumento das repatriações.

    Portal de Notícias de Curitiba.
    Sete Voos de Deportados dos EUA Desembarcam no Brasil: Desafios para Estados e Famílias Brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcam no Aeroporto Internacional de Fortaleza em operação de repatriação. A maioria dos repatriados segue viagem para outros estados, incluindo o Paraná. Foto: Davi Rocha/TV Verdes Mares

    A cada novo pouso, histórias de vida recomeçam no solo brasileiro em meio a incertezas, recomeços e grandes desafios sociais. Somente nos primeiros meses de 2020, sete voos de deportados vindos dos Estados Unidos desembarcaram no Brasil, sendo Fortaleza e Belo Horizonte os principais pontos de chegada. Desde que o ex-presidente Donald Trump intensificou as políticas migratórias e de deportação, o fluxo de brasileiros retornando compulsoriamente cresceu de maneira inédita, afetando famílias de diversas regiões, incluindo o Paraná e Curitiba. Por trás dos números, há o impacto humano e a necessidade de uma estrutura pública capaz de receber, acolher e reintegrar essas pessoas à sociedade.




    Brasileiros Deportados: Perfil e Procedimento de Chegada


    Segundo dados apurados junto ao Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), os voos recentes transportaram majoritariamente adultos do sexo masculino, mas incluem também mulheres, crianças e até idosos. No sétimo voo, por exemplo, 80 brasileiros retornaram, sendo 71 homens, 8 mulheres e uma criança, destacando a diversidade de perfis atingidos pelas deportações.


    O procedimento de chegada é minuciosamente planejado em conjunto por diferentes órgãos federais, estaduais e concessionárias aeroportuárias. O acolhimento inicial ocorre em postos avançados de atendimento humanizado, como o PAAHM em Fortaleza e áreas exclusivas em Confins, onde os repatriados recebem alimentação, kits de higiene, atendimento médico e psicológico, e orientações jurídicas sobre seus direitos. Em casos de vulnerabilidade extrema, são oferecidos encaminhamentos para abrigos temporários, além do apoio logístico para que possam retornar às suas cidades de origem, como Curitiba, Londrina, Maringá ou outras localidades do Paraná e do Brasil.




    O Impacto das Políticas Migratórias dos EUA no Brasil


    A política de deportação de estrangeiros sem documentação, intensificada pelo governo Trump, mudou drasticamente o cenário migratório entre Brasil e Estados Unidos. Entre 2017 e 2020, o volume de brasileiros detidos e posteriormente deportados cresceu mais de 30%, segundo levantamento do Ministério das Relações Exteriores. Só no segundo mandato de Trump, mais de 700 brasileiros chegaram em voos fretados, sendo que parte significativa desses desembarques ocorreu em cidades estratégicas do Nordeste e Sudeste.


    O Paraná, que tradicionalmente registra uma das maiores comunidades de imigrantes brasileiros nos EUA, é frequentemente citado entre os estados de origem dos deportados. Dados do Itamaraty indicam que, entre os passageiros de voos recentes, ao menos 12% declararam residência no Paraná, sendo Curitiba uma das cidades mais mencionadas como destino final após a repatriação. A situação revela não apenas a amplitude do fenômeno, mas também a necessidade de articulação entre União, estados e municípios para o suporte e reintegração desses cidadãos.




    Estrutura de Acolhimento: Como Funciona e Desafios Locais


    A operação de recepção dos deportados envolve múltiplos órgãos: Ministério dos Direitos Humanos, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Defensoria Pública da União, ANTT, além de governos estaduais e municipais. O processo busca garantir dignidade e respeito aos direitos humanos, mesmo diante de relatos de dificuldades emocionais, ruptura familiar e ausência de rede de apoio no Brasil.


    No Paraná, por exemplo, o Governo do Estado tem atuado em parceria com a Defensoria Pública e prefeituras para orientar sobre documentação, acesso a programas sociais e eventual encaminhamento a políticas de empregabilidade. Curitiba dispõe de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) que podem ser acionados para acolher deportados e suas famílias, especialmente quando há crianças ou idosos entre os repatriados.


    Ainda assim, especialistas ouvidos pelo Portal apontam a carência de políticas públicas específicas para migrantes retornados, principalmente em relação à saúde mental, recolocação profissional e combate à estigmatização social. Muitos deportados relatam dificuldades em conseguir emprego, retomar vínculos familiares ou mesmo acessar serviços públicos por falta de documentação ou desconhecimento de seus direitos.




    Casos e Histórias: A Realidade dos Deportados Paranaenses


    O drama dos brasileiros deportados dos Estados Unidos ganha contornos ainda mais intensos quando olhamos para as histórias que chegam a Curitiba e ao interior do Paraná. Em 2019, por exemplo, um jovem de São José dos Pinhais que vivia há quatro anos nos EUA retornou ao Brasil em um dos primeiros voos organizados pelo governo norte-americano. Desempregado e com dívidas acumuladas, ele foi acolhido temporariamente por familiares na capital, mas relata ter enfrentado dificuldades para acessar programas de assistência social.


    Segundo a Associação dos Familiares e Amigos de Imigrantes Retornados do Paraná, a maior parte dos deportados chega sem perspectiva clara de futuro. “Muitos saem do Brasil em busca de oportunidades, mas o retorno forçado, muitas vezes sem qualquer planejamento, traz impactos psicológicos sérios. É fundamental ampliar o suporte para garantir a reintegração social e econômica dessas pessoas”, afirma a assistente social Marli Kauer, de Curitiba.




    O Papel da Sociedade e Próximos Passos


    O aumento dos voos de deportados desafia não só o governo federal, mas também estados como o Paraná e cidades como Curitiba, que precisam adaptar suas políticas para garantir acolhimento digno e oportunidades reais de reintegração. Organizações da sociedade civil, igrejas e redes de apoio têm se mobilizado para oferecer orientação jurídica, doações e acolhimento temporário, mas a demanda por uma política pública nacional voltada ao migrante retornado cresce a cada novo desembarque.


    No Congresso Nacional, tramitam propostas para ampliar a assistência aos brasileiros deportados, incluindo a criação de um cadastro nacional e a facilitação do acesso a programas sociais e saúde mental. Enquanto essas medidas não se concretizam, a articulação entre estados, municípios e o governo federal segue como peça-chave para reduzir os danos sociais e econômicos desse fenômeno que, ao que tudo indica, tende a se intensificar nos próximos anos.




    Conclusão


    O desembarque de voos com brasileiros deportados dos Estados Unidos revela, a cada novo episódio, a urgência de aprimorar as políticas de acolhimento, reinserção e assistência. O desafio, que atravessa fronteiras e chega ao cotidiano de cidades como Curitiba e outras do Paraná, é construir uma rede de apoio capaz de transformar o retorno compulsório em uma oportunidade real de recomeço. O tema segue exigindo reflexão, sensibilidade e ação integrada para garantir dignidade, inclusão e respeito aos direitos humanos de todos os brasileiros, estejam onde estiverem.




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