Caminhoneiro de 35 anos de estrada evita tragédia na PR-340 e alerta sobre segurança nas rodovias do Paraná
Manobra rápida e instinto de Gilmar Barbosa impediram colisão frontal entre caminhões em trecho perigoso entre Castro e Tibagi; vídeo do caso viraliza e reacende debate sobre sinalização e prevenção de acidentes no estado.

Um vídeo impressionante registrado na PR-340, entre Castro e Tibagi, nos Campos Gerais do Paraná, mostra como a experiência e o instinto de um caminhoneiro podem ser decisivos em situações de alto risco nas rodovias do estado. Gilmar Barbosa, de 35 anos de profissão e histórico sem acidentes, evitou por centímetros uma tragédia ao jogar seu caminhão contra um barranco para escapar de uma batida frontal com outro veículo pesado. O episódio, além de ganhar repercussão nas redes sociais, acende o alerta para a necessidade de melhores condições e sinalização nas estradas paranaenses, fundamentais para preservar vidas e evitar acidentes graves.
Desenvolvimento
No início da tarde da última quinta-feira (24), sob chuva leve e pista molhada, Gilmar Barbosa seguia para Castro, onde faria o carregamento de sementes que seriam transportadas a São Paulo. A rotina de mais de três décadas no volante, porém, foi subitamente interrompida por um episódio que ilustra os desafios enfrentados diariamente por quem trabalha nas estradas brasileiras. Na curva de um trecho de pista simples e sem acostamento, Gilmar se deparou com um caminhão azul que invadira a contramão para desviar de dois veículos parados, sem a devida sinalização.
“Eu entrei na curva e dei de cara com os caminhões. Pra livrar ou pra ver se não conseguia salvar, eu joguei o caminhão no barranco e o caminhão parou. Graças a Deus não aconteceu nada”, relatou Gilmar. “Eu vi o pessoal, tinha bastante gente na pista. Pensei mais em livrar todo mundo pra não ser um acidente maior”, completou, ainda visivelmente abalado pelo ocorrido.
As imagens registradas por uma câmera veicular mostram o momento exato da manobra arriscada: ambos os caminhões freiam bruscamente, com Gilmar parando seu veículo em “L” na pista, a poucos centímetros do outro caminhão, que ainda não havia conseguido concluir o desvio. O desespero do motorista do caminhão azul é audível: “Deus tem misericórdia de nós”, grita ele ao tentar evitar o pior.
Segundo informações da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o desvio realizado pelo caminhão azul não configura infração, visto que a pista estava bloqueada por veículos parados. No entanto, a corporação ressalta que, nesses casos, é obrigatório que os motoristas coloquem sinalização na pista, alertando sobre o obstáculo. A ausência desse cuidado potencializa riscos e limita as chances de reação dos motoristas que chegam ao local, como ocorreu com Gilmar.
Acostumado com os perigos das estradas, o caminhoneiro afirma que nunca havia se envolvido em acidentes ao longo de 35 anos de profissão. O episódio, contudo, trouxe uma nova perspectiva sobre os perigos da profissão: “A gente está nessa profissão faz tempo e sabe que isso pode acontecer com qualquer um”, destaca. O susto foi tão grande que Gilmar decidiu suspender temporariamente suas viagens e cancelar o carregamento programado para São Paulo, planejando retornar ao volante apenas depois de alguns dias de descanso.
O incidente rapidamente viralizou nas redes sociais, sendo compartilhado em grupos de caminhoneiros e páginas de notícias do Paraná. O episódio serve como alerta para os milhares de motoristas que percorrem diariamente as rodovias estaduais e federais do Brasil, especialmente em trechos críticos onde a sinalização precária, a ausência de acostamento e o fluxo intenso de veículos pesados aumentam o risco de acidentes graves.
A rotina perigosa dos caminhoneiros no Paraná e no Brasil
A situação vivida por Gilmar Barbosa é um retrato do cotidiano de quem enfrenta as rodovias brasileiras, em especial nas regiões do interior do Paraná. Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o estado registra uma das maiores malhas rodoviárias do país, mas ainda convive com pontos críticos de conservação e sinalização, aumentando a vulnerabilidade dos profissionais do volante.
Nos Campos Gerais, onde ocorreu o caso, motoristas relatam constantemente dificuldades em trechos de pista simples, com poucos pontos de fuga em caso de emergência. Acidentes envolvendo veículos de carga são frequentes e, muitas vezes, provocados por situações como obstáculos inesperados, falta de sinalização adequada, condições climáticas adversas e trechos sem acostamento. Entre janeiro e maio de 2024, a Polícia Rodoviária Estadual registrou aumento de 7% nos acidentes envolvendo caminhões em rodovias do Paraná, com destaque para colisões frontais e saídas de pista.
Além dos riscos inerentes à profissão, caminhoneiros ainda enfrentam jornadas exaustivas, pressão por prazos e infraestrutura deficiente. “A gente sempre escuta histórias de acidentes, mas quando acontece com você, muda tudo. Vou voltar para a estrada mais atento ainda”, resume Gilmar.
Prevenção e lições do episódio
Especialistas em trânsito ressaltam que, embora a experiência e o instinto dos motoristas sejam fundamentais para evitar tragédias, medidas preventivas e maior atenção à sinalização nas estradas são indispensáveis para garantir a segurança de todos. A PRE orienta que, em situações de emergência ou veículos parados na via, é obrigatório sinalizar o local com triângulos e outros dispositivos, além de acionar as autoridades competentes sempre que possível.
Para os caminhoneiros, a troca de experiências e o compartilhamento de informações sobre trechos perigosos, como ocorreu no caso de Gilmar Barbosa, são estratégias valiosas para salvar vidas. Organizações de classe e sindicatos reforçam a importância de treinamentos periódicos, campanhas de conscientização e investimentos públicos em infraestrutura viária.
Conclusão
O caso envolvendo Gilmar Barbosa na PR-340 serve como exemplo não só de coragem e instinto, mas também de como a prevenção, a experiência e a atenção à sinalização podem evitar tragédias nas estradas do Paraná e do Brasil. Enquanto a rotina dos caminhoneiros segue marcada por riscos e desafios diários, o episódio evidencia a necessidade de melhorias estruturais, fiscalização e campanhas educativas para preservar vidas e tornar o trânsito mais seguro para todos.
A história de Gilmar reforça a importância do cuidado mútuo nas rodovias, do respeito às normas e da valorização dos profissionais que movimentam a economia do país — muitas vezes enfrentando perigos invisíveis aos olhos de quem está fora das estradas.
COMENTÁRIOS