Uma bailarina de Cascavel no Guinness World Records

Com apenas 3 anos, Julia Felippi dava seus primeiros passos de ballet em Cascavel, no Oeste do Paraná. O que ela jamais imaginou é que, aos 22 anos, estaria no Guinness World Records, o livro dos recordes.

A bailarina paranaense participou de um momento histórico: 353 bailarinas dançaram simultaneamente na ponta dos pés por um minuto, superando o recorde anterior de 306 bailarinas registrado em 2019. A façanha aconteceu em 2024, durante um evento organizado pelo Youth America Grand Prix (YAGP), uma das competições de bolsas de ballet mais renomadas dos Estados Unidos.

O convite inesperado

A convocação para o evento chegou de forma surpreendente. Segundo Julia, o chamado veio apenas um dia antes, sem muitos detalhes:

"Eles só falaram: 'tragam suas pontas, um collant branco e um tutu'”, lembra a bailarina.

Inicialmente, ela pensou que se tratava de um ensaio fotográfico. No entanto, ao chegar no local, encontrou mais de 300 bailarinas e bailarinos renomados, todos uniformizados e prontos para tentar quebrar um recorde mundial.

Durante a performance, o ambiente era de pura tensão. Quarenta fiscais monitoravam rigorosamente se alguma bailarina descia da ponta — o que invalidaria a tentativa.

"É uma ansiedade muito grande. Um minuto parece uma eternidade. Mas, no final, deu tudo certo e o recorde foi anunciado!", conta Julia emocionada.

Agora, a bailarina carrega uma conquista para a vida toda:

"Quando me pedirem para contar um fato interessante sobre mim, posso dizer que estou no Guinness Book".

Uma trajetória de dedicação e superação

Julia nasceu em Cascavel e, desde pequena, a dança foi parte essencial da sua vida.

Inspirada por um vídeo da famosa Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, decidiu seguir o sonho.

Em 2012, ainda criança, tentou a seletiva da Bolshoi em Joinville (SC), a única escola da companhia fora da Rússia, mas não foi aprovada. Determinada, retornou no ano seguinte e conquistou a tão sonhada vaga.

A mudança para Joinville foi um marco para toda a família, que se realocou para apoiar o sonho da jovem.

"Chegava em casa exausta, mas sempre respondia que sim, queria continuar".

A realização de um sonho americano

Em 2021, durante um curso de férias em São Paulo, Julia participou de uma audição ministrada por uma professora da The Joffrey Ballet School, de Nova Iorque.

Poucas semanas depois, recebeu a notícia: foi aceita para estudar no renomado conservatório.

Em 2022, mudou-se sozinha para os Estados Unidos, onde hoje vive uma rotina intensa de treinos e ensaios.

"A carreira é difícil, a saudade pesa, o corpo dói... Mas a sensação de entrar no palco e se expressar é indescritível".

Dança que atravessa gerações

Longe da família, Julia encontrou novos laços em Nova Iorque. Frequentando uma igreja local, fez amizade com vários idosos da comunidade.

Uma história especial foi com uma senhora de 80 anos, que a acompanhou em uma apresentação contemporânea.

"Fiquei com medo dela não gostar. Mas, no final, ela me deu um buquê de rosas e disse que queria assistir de novo".

Momentos como esse reforçam para Julia o poder da arte em emocionar diferentes gerações.

O Lago dos Cisnes diante do oceano

Entre tantas experiências, uma das mais marcantes aconteceu à beira-mar:

Durante uma apresentação organizada pelo YAGP, Julia dançou trechos de O Lago dos Cisnes em plena praia, com o sol se pondo ao fundo.

"É uma memória que levo no coração. A beleza da natureza junto à dança foi algo mágico".

Conclusão: Orgulho paranaense que ecoa no mundo

Julia Felippi representa o talento paranaense que conquista o mundo com dedicação e paixão. Sua história inspira jovens bailarinas a acreditarem em seus sonhos, mesmo quando eles parecem distantes.

De Cascavel para Nova Iorque, passando pelo Guinness World Records, a trajetória de Julia é prova de que a arte pode transformar vidas — e atravessar oceanos.

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